Friday, October 12, 2007

a canção perene do homem da calça azul



a velocidade cerca os passos, pesa
na hora que o tempo urge, canção da verdade

e a verdade nasce esquecida,
pois não há ouvidos alertas
para quando a folha sente o vento
e sai a procura do tempo...



a calça azul balança no varal da vida , hiberna
tal qual a biruta apontando a direção de um olhar

no infinito - homem emoldurado na janela , solicita


pois a calça azul vazia,
abraça o vento - estabelece regras




uma vez que o homem nu, sente a medida certa, que limita
pois o navegador - sonha com a passagem estreita


a passagem estreita
impermanente sopro de velas e fitas
aquecendo a verdade (no útero da espera)
assim azul, a calça
levita












Wednesday, August 08, 2007

passagem


muros

a linha lavadas palavras (grafitos)

predizem sentenças - avisos afixados


nas cavernas - morcegos

são explosões de vertiginosas mensagens


o teu coração ainda é puro?


a chuva - lava o olhar atento

no salpicar de gotas

que leva mansamente, o barco de papel


muros

manuscritos

afixadas mensagens

viajam - nos barcos de papel


o vento, a chuva, a poça d'agua,

as pegadas - o nada eternamente


Monday, July 30, 2007

linguas de morango

quando
a cor da tua lingua (morangos)

viaja na solidão da boca
da minha boca - a casa


destravam os dentes

estendem a liguagem perdida
e o amor visitante - convida


há força de um nervo ferino

afiada - lâmina espelhada


a cor da tua lingua (estrelas)

acorda, na noite que o céu predita

a fome que teu rosto esconde


acredita

na profundeza serena da verdade

que agora a cor da lingua - hesita
e que o mar secreto da mentira
habita


Sunday, April 22, 2007

caminhos de santiago


àguas barrentas , manhãs e tarrafas

ofício do olhar perdido no horizonte


peixes


entrelaçando raízes submersas

na razão do existir do pescador


mistériosa boca escura da noite - o sonho


o menino nasce

envelhece,

no

rosto veloz da

rua genética




o tempo cultua - o tempo



o tempo do menino

solitário que

a mesa

posta oferece,


são frutos d'agua


o aprendizado refletindo a superfície

no mais profundo obscuro


quando, percebemos a travessia

a fome chega - e a luz enfim apodera


a canção do vento insondável

que açoita nossa porta










Sunday, April 15, 2007

sete de maio


pai


o teu verde olhar, incompreendido

cabe como uma luva no meu sonho

somos elo, arcabouço e distância


agora não desvio teu sorriso

aceito, como o oceano aceita o rio - conhecimento

sinto o roçar da barba por fazer

e o unipresente silencio da tua mão falando


o tempo frutifica a torre da memória - lava

a fome chega, e o alimento farto do ensino

corrige o curso do caminho ,

debruçando o olhar na bússola perdida


a oração da noite é página de um livro

sem letras, de uma brancura serena - canção de ninar

ouço estórias na escuridão dos candieiros - refletidas

no fogo do vagalume , ponto de luz no dedo do extraterrestre

apontando teu colo , o qual ainda pertenço


na lembrança

trilhos conduzem a distantes estações

algumas delas, sei

que o teu sorriso doce,

são braços na espera


asas

na escuridão


Friday, April 06, 2007

eternamente o mar - mistérios


na minha bike a estrada de terra serpenteia, foge de meus pés velozes

ânsia de presenciar o fenômeno do mar vermelho - quero eternizar o momento

o mar avermelhado amedronta - aprisiona mistérios de superficie

enquanto o homem europeu adormece no cobertor que o sol dispõe

a face embriagada do sofrimento escondido nos homens - o ópio - as formigas famintas

nada desperta o estrangeiro - pois agora o mistério carmin, segue a correnteza que tudo limpa.

o dia normal chega lentamente, com seus peixes respirando água - observando os senhores da vida

Tuesday, April 03, 2007

a voz de abril

quando a boca abre, o sono chega envolto em quebranto - o canto - solitário da permanência santa. A voz do homem, cruza a varanda, filosofando a brisa de um pensamento uno - universal. A salvação racional do homem sagrado, enevitável - a ponte que transporta ao lado pleno de um novo/velho destino, pois tudo que existe , já existiu. Tudo que hoje é dito concreto, foi sonho e tudo que é sonho, nada mais é, do que pedra mármore envelhecida. Quero então possuir a simplicidade do amor sem véu, desprovido da religiosidade que destrói a vida - quero o cisne sem a morte, pois o que importa agora é o presente. Quero a leveza , sem o dever de amar por ser a criatura e ter a obrigação de reverenciar o misterioso monolíto.

Sunday, March 18, 2007

matrix


a linha luz da manhã descobre o passo, libertando o poder do caminho urbano - meninos malabaris dormem em seus colchões de pedra, alheios aos que passam, embriagados em seus sonos entorpecido pelo cheiro da cola - a mágica do faz de conta envolve o guarda de transito com seu apito noturno na manhã que cede conflitos - abraços , mangueiras , camelôs, latas de cerveja e garrafas sem alma. A cidade acena para felicidade de consumo, cobra a taxa da sedução efêmera e se lança a procura dos incautos - hoje quero apenas comprar e descascar meus abacaxis e beber o suco dito saudável com hortelã, que o programa de TV ensinou-me fazer. Não despreze as moedas, pois elas são ticktes que voces precisam entregar nos estacionamentos das ruas.

Saturday, March 03, 2007

porta aberta

a noite inteira, a porta
aberta a porta, à noite
ficou a noite - aberta
a porta, a noite inteira
a noite aberta
ficou a porta
ficou a noite
aberta

Tuesday, February 20, 2007

carnaval do silencio




hoje a chuva permacece fina, incontrolavelmente fina, silenciosa. Adormecendo a avenida da cidade morena. De quando em vez, um auto modifica o desenho da rua liberta, riscando a superficie serena do asfalto adormecido. Não há cofetes nem serpentinas, o carnaval passa em outros fevereiros - a triste tarde/noite é agora absurdamente feliz - estou feliz, consegui reabilitar meu blog perdido (meu cão vagabundo) das teias da net. Amanhã ? Amanhã será outro dia... e todos os silencios barulhentos se converterão em loucura.

Saturday, January 13, 2007

a força da gravidade

a folha olha
a distancia

rodopia
suspira, desacelera
ansia de encontro

a folha agora amarela

encontra o chão
encontra a manga
encontra a chuva
encontra o homem

a cidade anda, nela
a folha vive
desperta
de seu sonho verde

o chão de pedra

recebe a folha
recebe a manga
recebe a chuva
recebe o homem

a cidade não pecebe

que a folha agora
vive
a vida

da manga
da chuva
do homem

frutos do solo

Friday, January 12, 2007

" se não se aprende não se é"

a pluma
mão silenciosa que acarícia
diz de riscos asas e destinos
segurando por entre dedos a semente imatura

e este pó que desaparece na neblina
sopra no rosto a vigilante sorte - fortuna

basta a imagem no horizonte, aurora boreal
febril e misteriosa luz esverdeada, sinalizando
jardins suspensos - visões de ruas distantes

diamante bruto escondido - fruto preferido
são as nozes, que roubamos das prateleiras dos supermercados - proibido
e o dente solto que perdido, na concava escuridão de minha boca
revitaliza reflexões de sonhos vividos - direções

humano sou
e aí ? como é que fica?
as seduções que o inexorável tempo criva?

o que importa é fixar os olhos na vitrine
e esperar que a imagem do onibus refletida - siga
na velocidade da loucura abduzida

Saturday, January 06, 2007

discurso da memória

agua
a guariba agora agonia
no grito da semi-escuridão
o medo, esconde o eco do grito
e adormece o menino do rio - aflito
sonhos de coragem chegam em ondas permanentes
aguas - curvas umidades retorcidas - no tecido da floresta

existem trincheiras que protegem-palafitas
nas distâncias que o passado ressucita

e o verde - escuro musgo é o discurso da memória- exercício
que o rio barrento - escreve com letras ondas suaves,
uma estória que os homens não compreendem

agua
a boca escura acende uma luz na umida lingua
encontros das aguas - beijos - esconderijos

o amar do quase eterno mar espuma
agoniza coxas fecundas - que corpos plenos
eternizam

silenciosamente no vazio que a vida flui
nas margens serenas das manhãs