Saturday, January 22, 2011

Gato e Cão


Rua Infinita

Início de tudo, Gardan caminha por entre o fascinante túnel de mangueiras perfiladas, seculares, sempre como quem observa o inesperado e ao mesmo tempo desconfia silenciosamente do que vê. A grandiosidade destas arvores conferem ao ambiente, uma contemplativa solidão. Bela catedral com seus vitrais invisíveis. O sombreamento entrecortado por filetes de luz, invoca uma prece. Gardan flutua perplexo, encantado com a leveza do lugar.
Lentamente cruzando seu caminho, um pequeno gato cinza com listas brancas. Passos trôpegos. Quem sabe nasceu recentemente? Emite um sonoro miado que ecoa estilhaçando o silêncio antes impenetrável. Gardan observa surpreso, mas prontamente recupera o equilíbrio. Sente um desejo quase incontrolável de querer ajudar, tão desprotegido ser. Recua, sente um medo aterrador, algo o impede deste ato. A razão de Gardan fala mais alto Algo lhe diz que em algum lugar já havia visto esta indefesa criatura., ou quem sabe em futuro próximo voltaria vê-lo . Logo em seguida uma figura de olhar penetrante surge do nada, para e fixa por um lapso de tempo o olhar em Gardan. Com a mesma rapidez que apareceu, seguiu em perseguição ao pequeno gato. Era um enorme cão negro que surgiu das sombras eternas do tempo . Uma voz quase inaudível, diz de uma canção que poderá, sem que isso fosse vontade, causar imensa tristeza a Gardan. A canção saiu rodopiando lentamente, como uma rosa no vento...

Saturday, January 15, 2011

Orantes ou meras palavras?

orantes-são nestos
funestos fados e drões
drões sonestos sons
fartos rios-de orações

Monday, January 10, 2011

"Deus Proverá"


O viver é preciso navegando por sobre as ondas de sonhos do rio mar. Vamos em busca da surpreendente gentileza , que chega na tarde-noite chuvosa. A ilha espreita, a espera de passos urbanos para que possa lançar suas redes serenas de cordialidade.
E os homem pescadores, vaqueiros , artesões sorriem com suas faces morenas , brilhantes como a superfície prateada do Paracauary. Sem que sejamos capazes do perceber a magia, o encantamento aflora e perpetua a sua fome de almas estressadas pelos ares de outras terras além ilha. O tempo é o amigo de todos os oriundos marajoaras,ali, por debaixo das mangueiras seculares não há cobrança alguma, os homens são meninos e meninas colhedores de mangas, carambolas, sapotilhas e amorosidade. Como morcegos diunos passam por entre as folhagens da diversidade infinita. Sou amigo do bufalo, da chuva , do rio remanso que agora abrigo em mim.
As amizades chegam mansamente (novas sementes) sem que possamos virar os rostos e partir serenamente. É o inevitável prevalecendo por sobre nosso orgulho de pobres mortais.Então chegam o Edgar das Vans branca e Vermelha, Nello (primo napolitano, que possui um coração do tamanho do Casarão da Amazônia)André e esposa derramando simpatia e generosidade, a Sueli Valades que veio de tão longe dividir sua alegria (in)contida nos passos do carimbó, a Rosa do bolo maravilhoso e seu sorriso cativante, do José Carlos o Gerente amigo e prestativo,do taxista Claudio "O paciente Marajoara", do Caboclo Vaqueiro que vigiava nosso sono e sonhos, do diluvio circunscrito por baratas dágua , besouros, grilos falantes e tamanduás perdidos na noite de aventura. Algumas vezes fomos esquecidos pelo barqueiro Ivoneti e o taxista Codorna, mas como amar é nunca ter quer pedir perdão, apenas agradeço pela oportunidade bendita de conhece-los. Conhecer pessoas maravilhosas, como as que conheci nesta viagem mágica, é uma forma poderosa de oração.