Sunday, December 27, 2009

o silenciar da chuva


A chuva diminui, silencia. A melancolia desaparece e o céu ganha a cor das novas luzes. Os urubus rodopiam , no circulo da ritual procura. Talvez Gardan aprenda um pouco mais com essas aves de rapina, dentro da ocasião oportuna, no exato momento do saciar a fome. A fome do revitalizar sonhos, do possuir desejos latentes. A razão do existir por existir um objetivo - atravessar o rio . Será necessário voltar o rosto para aquilo que não se quer ver(ver-se) e quem sabe assim , ter o dominio da travessia?

O porto segue em linha reta na direção oposta ao rio. Outra direção? Principio ou fim? O rio será a rua ou a rua apenas um nome dado ao rio? Não importava, Gardan sempre possuiu em seu intimo de eternidade a vontade plena de conhecer o que havia no fim daquela rua. era tempo de descobrir segrêdos. O que haveria no fim desta rua infinita? Infinito será algo que nossa visão curta não alcança? Antes de atravessar o rio, talvez seja necessário comer a poeira desta longa estrada e conquistar conhecimento que poderão ajudar futuramente(futuro?). Gardan então viajou no pensamento, sentindo no jovem rosto a brisa suave da esperança.

Wednesday, December 16, 2009

o ver da idade, na verdade

mesmo
que fale
a
verdade

pareço
que
falo mentindo

mesmo
que
esteja
mentindo

pareço
que
falo
a verdade

Tuesday, December 15, 2009

o velho búfalo


A chuva fina lentamente abraçava a primeira rua da cidade, folhas verdes , luz do Sol , mistura perfeita na manhã marajoara - casamento da raposa diria minha mãe . Neste cenário surreal o velho Búfalo não percebeu a presença daquele estraho menino. Gardan observou aquele enorme ser, deitado embaixo da frondosa mangueira. Sem muita cerimônia, foi logo perguntando - Bom dia amigo! por acaso com todo este ar de sabedoria poderia dizer-me de que maneira posso alcançar a outra margem daquele rio? E com seus dedos longos apontou na direção do rio. O velho búfalo virou lentamente mastigando um punhado de grama, lançou um manso olhar para Gardan e manteve o silencio pertubador dos quem conhece os ansiosos. Gardan insistiu - Grande senhor da verdade eterna, não estás levando muito a sério minha pergunta? O velho búfalo impertubável, sorriu e respondeu : Como você quer conhecer o outro lado do rio, se nem ao menos tentou ser livre do vosso pesadêlo? Da prisão que é a vossa curiosidade? Respondeu e levantou , saindo lentamente como quem estivesse passeando e uma manhã de Domingo. Gardan sorriu, mas chorou um chorar triste de prisioneiro.

Sunday, October 25, 2009

abaixo da linha do equador


o pó do poema

o poeta afasta

tece, destece

o poeta não peca

o poeta apenas verseja,

de forma (in)correta

Sunday, September 20, 2009

Saturday, August 08, 2009

a grande arvore da espera




seresfera
sempresperar
esperar, errar
sempre esfera
esperar


o pranto
como flor na terra

esperar

percorrer o olhar

ao longo do caule, no corrego das chuvas


será?


lançar razões
nas entranhas da terra
penetrar
esperar sempre
esperar

arar preparar
germinar?


sempre esperar
buscar, duvidar,
calar na boca a palavra
(sufocar)

esperar
tecer o tempo ,
sempre - o dia de perdoar
recriar,
a hora H






Friday, May 01, 2009

O primeiro dia segundo Gardan


A noite não foi tão longa, como todas as noites em que o sono é profundo e a alma agasalha o coração menino no colo do tempo.

Quando o dia chega, acompanhando luzes , pássaros aquáticos e peixes alados fazem a festa da serenidade. Ao pé da frondosa mangueira, olhos negros acordam e vislumbram pela primeira vez, o reflexo que a luz do sol desenha na superficie tranquila do belo rio.

O atonito menino espreguiça a incredulidade , fitando surpreso a outra margem do rio pleno de fertilidade. Desce a ribanceira extasiado e o silencio toma conta do todo. Tenta ajoelhar para tocar restos de remanso aparente do rio, quando surpreendentemente um grande peixe prateado salta espalhando agua e sementes. " O que importa essa saudade principe azul, se nem ao menos você conhece a outra margem deste tortuoso rio?" Gardan abre seus enormes olhos negros e responde em puro reflexo - " Grande peixe prateado, sinto saudade do que não conheço e do que me espera. Aguardo o momento oportuno, a maneira correta de atravessar o rio, necessito urgente de ajuda". Foi apenas o tempo do salto e a poderosa queda n'agua - e o silencio se fez brisa como o açoite na mão do verdugo. Gardan chorou e depois sorriu, um sorriso pleno de saudade.

Foram dez longos dias - nada além rio, nada além correnteza , apenas o receio do desconhecido.

" Sera nescessário descobrir os caminhos que a velha cidade disponibiliza, antes mesmo de tentar atravessar o poderoso rio?" pensou Gardan.

Tuesday, April 21, 2009

no caminho da espera



E o verão não vem,

basta-me a chuva fina...

O que amedronta? A incerteza do inatingível encontro?
A porta está aberta, não existem trancas.
Apenas o vento acaricia minha cabeleira branca.

Dedos longos (bilros) tecem rendas com palavras.

Assim espero, pois frequento diariamente teu jardim - a fome de pétalas rubras,
faz do jardineiro um colecionador de sementes.

A canção do visitante embala agora a minha/tua rede vazia.

Sunday, April 12, 2009

O Nascimento de Gardan



No entardecer de um dia diferente, luzes douradas
despejam uma canção de boas-vindas
próximo a garganta infinita do Paracauary...

São sementes de esperança em permanente flutuar sobre aguas límpidas.
Talvez adivinhem que serão outros os caminhos em busca de lições perenes.
Da janela do velho casarão olhos curiosos espreitam três estrelas que surgem repentinamente, acima da vizinha cidade.
E a estrela do meio diz, através de um sussurro penetrando frestas - janelas, separando inocentes meninos no fim da tarde:
“como são velozes os minutos na noite que pretende ser eterna, abriga sonhos, felizes momentos em que a fantasia canta uma canção bem-vinda. Ali estarei esperando, feito luz, escondido nos escaninhos de teu sorriso Monalisa.
Acolhe-me agora, não hesita, o tempo é o imperador da vida.Lembra das àguas límpidas, aquelas que cruzaram os rios na livre manhã despercebida .
Oportunamente estarei dizendo de tempestades em teus ouvidos - o beijo silencia - longe a saudade permanecerá, caindo lentamente, pelo fio de areia fina da ampulheta.”
Assim nasceu Gardan aos 10 anos, ao pé solene de uma frondosa mangueira - fruto de uma experiência inusitada na busca pelo conhecimento entre as margens de um estranho rio.

" As luzes do universo douram as asas graciosas das garças brancas, uma a uma sincronizam o vôo no caminho inicio fim da manhã diferente. Acordam de um sonho que não são dos homens."


Friday, March 13, 2009

Haja(in)


(in) veja

aja (in)


uma vez,
que a tempestade cega


apedrejando ,

a imagem noturna

buraco negro - que o teu espelho quebra


doma,
o indomável leão
que te aprisiona


ressucita,

pois a tua alma implora

a fenda entreaberta

no sepulcro


neste pequeno (eu) mundo - mudo

crucificas
na distância,

as ovelhas desgarradas


sou o rio

contido em tua barragem

silenciando o agora farto ódio


medita , abre as comportas

pois o silencio é a voz do tempo




Monday, March 09, 2009

uma canção do sair

Querido filho, O Céu contém nuvens, que a cor pesada do dia declara,e o meu pensamento viaja de encontros aos teus olhos, viajo contigo todas as horas-divirto-me, aprendo com a tua voz liberta, mas da vidraça do meu escritorio escorrem gotas de chuva - porém meu coração te abraça feliz ,sou grato pela coragem de tuas palavras - elas as vezes queimam na alma , esta é a fogueira da vida, beijando o silencio na superficie do meu chão gelado ,sairemos sim, como aves de corajem pelos caminhos da felicidade... Agradeço pelo teu e-mail. Um grande beijo meu amigo, Te amo

Sunday, March 01, 2009


aguas

cortinas da limpeza viva

não são grades, não te aprisonam - libertam a alma

liquifazendo os sonhos malditos...


o lenço da saudade mítica

desbloqueia - a flor da psique

e os nossos pássaros brancos ganham o céu

famintos da luz


ainda existe a dúvida

pois o emocional canta uma canção felina

por entre o bambuzal terreno - raízes


mas, por um minuto

o tapete mágico deixa de conduzir a silenciosa razão


We are the same boat shipping on the river alone



Você é você
Olhe no espelho
Será que o teu reflexo insinua o que transparece ?
Somos parte do mesmo rio – navegando sozinhos
Nem tão profundo , nem tão raso – nem tão pouco superfície
Você é Você
Solidão que te aprisiona
Algemas de aço – fitas de fragilidade
Ainda assim, encontrarás perdão na minha culpa
E a liberdade, tua companheira
Estará sorrindo no desfiladeiro oculto – o ósculo íntimo na alvorada
Você é você
Herói transmutando-se em máscaras e mariposas cinzas – fantasmas
A marca indelével no rosto secular da eternidade
Ainda assim, nós teremos um encontro marcado
tempo - apenas uma porta aberta a procura da margem absoluta
Você é você
Combatendo nossos medos
Na felicidade de teus olhos castanhos semicerrados,
Sabedores de que o vento sopra a poeira da sabedoria – apesar do fog Londrino
Juntamente com a misericórdia , chega a brisa do teus sussurros inaudíveis
tocando profundamente o largo de um homem aprendendo
a hora exata de silenciar , convidando o menino a também ser parte
do todo , do nada, da vida