Sunday, April 22, 2007

caminhos de santiago


àguas barrentas , manhãs e tarrafas

ofício do olhar perdido no horizonte


peixes


entrelaçando raízes submersas

na razão do existir do pescador


mistériosa boca escura da noite - o sonho


o menino nasce

envelhece,

no

rosto veloz da

rua genética




o tempo cultua - o tempo



o tempo do menino

solitário que

a mesa

posta oferece,


são frutos d'agua


o aprendizado refletindo a superfície

no mais profundo obscuro


quando, percebemos a travessia

a fome chega - e a luz enfim apodera


a canção do vento insondável

que açoita nossa porta










Sunday, April 15, 2007

sete de maio


pai


o teu verde olhar, incompreendido

cabe como uma luva no meu sonho

somos elo, arcabouço e distância


agora não desvio teu sorriso

aceito, como o oceano aceita o rio - conhecimento

sinto o roçar da barba por fazer

e o unipresente silencio da tua mão falando


o tempo frutifica a torre da memória - lava

a fome chega, e o alimento farto do ensino

corrige o curso do caminho ,

debruçando o olhar na bússola perdida


a oração da noite é página de um livro

sem letras, de uma brancura serena - canção de ninar

ouço estórias na escuridão dos candieiros - refletidas

no fogo do vagalume , ponto de luz no dedo do extraterrestre

apontando teu colo , o qual ainda pertenço


na lembrança

trilhos conduzem a distantes estações

algumas delas, sei

que o teu sorriso doce,

são braços na espera


asas

na escuridão


Friday, April 06, 2007

eternamente o mar - mistérios


na minha bike a estrada de terra serpenteia, foge de meus pés velozes

ânsia de presenciar o fenômeno do mar vermelho - quero eternizar o momento

o mar avermelhado amedronta - aprisiona mistérios de superficie

enquanto o homem europeu adormece no cobertor que o sol dispõe

a face embriagada do sofrimento escondido nos homens - o ópio - as formigas famintas

nada desperta o estrangeiro - pois agora o mistério carmin, segue a correnteza que tudo limpa.

o dia normal chega lentamente, com seus peixes respirando água - observando os senhores da vida

Tuesday, April 03, 2007

a voz de abril

quando a boca abre, o sono chega envolto em quebranto - o canto - solitário da permanência santa. A voz do homem, cruza a varanda, filosofando a brisa de um pensamento uno - universal. A salvação racional do homem sagrado, enevitável - a ponte que transporta ao lado pleno de um novo/velho destino, pois tudo que existe , já existiu. Tudo que hoje é dito concreto, foi sonho e tudo que é sonho, nada mais é, do que pedra mármore envelhecida. Quero então possuir a simplicidade do amor sem véu, desprovido da religiosidade que destrói a vida - quero o cisne sem a morte, pois o que importa agora é o presente. Quero a leveza , sem o dever de amar por ser a criatura e ter a obrigação de reverenciar o misterioso monolíto.