surgindo através da forte neblina
passageiros em seus lençóis de linho
aproximam suas embarcações leves
e saltam para o tombadilho
Fantasmas - Herculano sorri com sedução
As ancoras sobem seus pesos
adormecidas agora encontram o sono
do destino ausente - perfumada e umidecida
o fio da lâmina d'agua acasalha suas sombras
Herculano decifra seus olhos
agora perdidos em outros faróis
ondas desfeitas, pousando suas correntezas
desviando serenamente dos recifes perenes
a agua bate no casco suavemente
espanta o vazio do silencio - embriaga
convida a reflexão - obriga - abriga
pensamentos velozes no vento da vida
Sunday, December 04, 2011
Sunday, October 02, 2011
eternidade
sim
viveremos
absolutos
nas entranhas de cronos
feito pipoca
de microondas
iluminando o vazio
na escuridão que não existe
sim
viajaremos
garganta abaixo
procurando sonhos e borboletas azuis
aquelas - com as asas plinçadas
por pegadores de roupas
não há como evitar,
impossivel
pois o sorriso
também irá
congelar,
e as palavras serão
como fogos de artíficio
alimentando o corpo
do deus eterno
viveremos
absolutos
nas entranhas de cronos
feito pipoca
de microondas
iluminando o vazio
na escuridão que não existe
sim
viajaremos
garganta abaixo
procurando sonhos e borboletas azuis
aquelas - com as asas plinçadas
por pegadores de roupas
não há como evitar,
impossivel
pois o sorriso
também irá
congelar,
e as palavras serão
como fogos de artíficio
alimentando o corpo
do deus eterno
Sunday, August 21, 2011
luz das estrelas
ser só
o sol
na solidão
do olho enfurecido
possibilidades
enquanto
o observador reflete
indagações distantes
do sopro
dos cílios
das verdades ou mentiras
na escuridão - talvez a minha?
não aja recusa
pois a luz - é para todos
esta luz
que possibilita a vida
ferve razões
enconcebidas
no coração do tempo
e da mente
Sunday, August 14, 2011
maresia na enseada
Herculano, aporta seu navio fantasma sob os trilhos d'água
lança as ancoras e seus pesos existenciais flutuam a bombordo.
não poderá beijar, pois ninguém lhe espera
então canta uma canção de boas-vindas
o desconcertante silencio da enseada, aplaude a triste intenção
Herculano observa o cais...
o cais abre os longos braços
faz tanto tempo...
na fragilidade, na distancia - o medo
o esquecimento das manhãs em terra
indeciso, talha silenciosamente
com o canivete que manipula o tempo
Herculano rejeita a ideia de pisar o continente - recua
meticulosamente prepara um cigarro de palha,
como magia acende o fogo do ócio
então liberta seus segredos e suas aflições ao vento
a desconcertante situação
limita as ações do pensamento
percebe a armadilha ,abre a escotilha
vislumbra a escuridão que aprisiona seus vícios
com isso, soluça fotografias desbotada no tombadilho escorregadio.
Saturday, July 16, 2011
Solidão
quando a rua
obliquamente
nua
sente minhas mãos
inflexivelmente sobre
suas costas
fecha os olhos
para o caminho
nesta hora, deserta
impõe uma sílaba - silencio
para o desejo que talvez não queira
improvisa
sonha
esquece aqueles que pisam
que não sabem de vida
ou ternura
a rua torna-se larga
amplia passos
trás em si
um que de pecado
e com carícias
adormece
sob cobertores de folhas banidas
ao vento
palavras anfíbias
Saturday, May 21, 2011
Estação das Docas
as estações passam
as embarcações passam
o olhar do espectador passa
a chuva continua - lá fora
a baía, a companheira
escorre seus dias, flutua suas perdas
no meu olhar desatento, saboreia
frutos no interior dos meus abismos
retilíneos, impressos, envidraçados
os pardais brincam,
em suas conversas felizes,
alheios aos homens,
seguem seus riuais de passáros
acho que estou perdendo tempo,
mas nem tanto - felizmente
chega um cheiro inconfundível
minhas mãos recebem em prece
uma cuia de tacacá
agora é hora de esquecer conflitos
ir além do tempo perdido
viver o que basta
num canto isolado da estação
Saturday, April 23, 2011
a canção da espera
a canção segue seu curso
infiltrando-se por entre as gotas da chuva
chega galopando no vento
e sacode o balanço da arvore na encosta
existo para ouvir esta canção?
pois a tormenta não escolhe hora
nem fortifica o castelo antes da ofensiva dos guerreiros
nós limitamos a escutar outras canções
ferimentos de batalhas - retalhos
existo para enfrentar forças sem limites?
consultar oráculos e beijar as mãos anelados dos cardeais?
impertubável são teus olhos
perfurando fronteiras que as luzes da cidade umidecida - agasalha
estou despreparado para receber esta canção- não sou merecedor
encapuzado espero
a carícia do algoz do tempo
existo para dormir em teu ventre eternamente?
infiltrando-se por entre as gotas da chuva
chega galopando no vento
e sacode o balanço da arvore na encosta
existo para ouvir esta canção?
pois a tormenta não escolhe hora
nem fortifica o castelo antes da ofensiva dos guerreiros
nós limitamos a escutar outras canções
ferimentos de batalhas - retalhos
existo para enfrentar forças sem limites?
consultar oráculos e beijar as mãos anelados dos cardeais?
impertubável são teus olhos
perfurando fronteiras que as luzes da cidade umidecida - agasalha
estou despreparado para receber esta canção- não sou merecedor
encapuzado espero
a carícia do algoz do tempo
existo para dormir em teu ventre eternamente?
Friday, April 22, 2011
o ver-o-peso da semana
domingo fui a feira
surfando em meu par de sandálias hawaianas
senti o olhar de Tereza esqueirando-se por entre as barracas
do ver-o-peso
ouvi
o som das gaiolas ribeirando o trapiche
palavras perdidas ao vento
risadas como mensagens presas
em vidrinhos de folhagens milagrosas
maniva, macaxeira, vinagreiras
peixes
flutuando por sobre balcões umidos
balanças descalibradas
e limões crescendo em cestos
pimentas amarelas cheirando pessoas
restos de tomates pisados
camarões embrulhados em jornais vencidos e amarrotados
patichulis tranformados em renas
saudosas de um natal distante
aconselhamentos
vertigens de homens embriagados
no poder do feitiço empalhado
o olhar de tereza continua esqueirando-se
fornicando
recebendo informações delicadas
congelando um leve sorriso no canto dos lábios
por muitos beijados
e ao longe, o sol lança chamas de radiações no infinito
ninguém percebe
surfando em meu par de sandálias hawaianas
senti o olhar de Tereza esqueirando-se por entre as barracas
do ver-o-peso
ouvi
o som das gaiolas ribeirando o trapiche
palavras perdidas ao vento
risadas como mensagens presas
em vidrinhos de folhagens milagrosas
maniva, macaxeira, vinagreiras
peixes
flutuando por sobre balcões umidos
balanças descalibradas
e limões crescendo em cestos
pimentas amarelas cheirando pessoas
restos de tomates pisados
camarões embrulhados em jornais vencidos e amarrotados
patichulis tranformados em renas
saudosas de um natal distante
aconselhamentos
vertigens de homens embriagados
no poder do feitiço empalhado
o olhar de tereza continua esqueirando-se
fornicando
recebendo informações delicadas
congelando um leve sorriso no canto dos lábios
por muitos beijados
e ao longe, o sol lança chamas de radiações no infinito
ninguém percebe
Sunday, April 10, 2011
esperando em trincheiras
ontem (off-line )
por-do-sol
pés descalços
face de encontro ao vento
livres pensamentos
pequenas pedras lançadas, na superficie do rio ...
hoje (on-line)
olhos no monitor
pés com sapatos
pasta preta , folhas mortas
gavetas fechadas
pensamentos aprisionados na escrivaninha de vidro ...
por-do-sol
pés descalços
face de encontro ao vento
livres pensamentos
pequenas pedras lançadas, na superficie do rio ...
hoje (on-line)
olhos no monitor
pés com sapatos
pasta preta , folhas mortas
gavetas fechadas
pensamentos aprisionados na escrivaninha de vidro ...
Sunday, April 03, 2011
snaking
attendant
be loved
before to be
serpent
hair brush
without comb
that windmills
powerless
weave braids
transcendent
whistles
curves
bellies
thighs
permanently
well Alice 3D
permanently
letters minds tales
asleep
the bunny suit and top hat
absent in the arms of hatter
Friday, April 01, 2011
serpenteando
servente
ser ente
antes de ser
serpente
escovar cabelos
sem pente
que moinhos de vento
impotentes
tecem tranças
transcendentes
assobios
curvas
ventres
coxas
permanentemente
assim Alice em 3D
permanentemente
cartas contos mentes
adormecendo
o coelho de terno e cartola
nos braços do chapeleiro ausente
ser ente
antes de ser
serpente
escovar cabelos
sem pente
que moinhos de vento
impotentes
tecem tranças
transcendentes
assobios
curvas
ventres
coxas
permanentemente
assim Alice em 3D
permanentemente
cartas contos mentes
adormecendo
o coelho de terno e cartola
nos braços do chapeleiro ausente
Saturday, March 26, 2011
o de sempre na manhã cinza
no eter
do eu
eterno
a alma
o fruto das raizes
que o corpo
capta
embora
a rua felina
farta
repouse a rosa
sob as mãos
de kafta
a casca
lençol lilás
na porta aberta prata
silencie nós (moedas)
que o eco da tua voz
exalta
respostas
que nas paredes do desfiladeiro
o destino
grafa
do eu
eterno
a alma
o fruto das raizes
que o corpo
capta
embora
a rua felina
farta
repouse a rosa
sob as mãos
de kafta
a casca
lençol lilás
na porta aberta prata
silencie nós (moedas)
que o eco da tua voz
exalta
respostas
que nas paredes do desfiladeiro
o destino
grafa
Tuesday, March 08, 2011
uma outra superfície
sempre haverá um lugar
aonde não saberemos respirar
peixes , homens , aves
fugiremos ou não deste fato
perplexos ou aprendizes
subordinados ou livres
peixes, homens , aves
soluçando queixas, desterrados
improdutivos ou imortalizados
cheirando uma boa chícara de café ou de chá
na porta da tua ou da minha Igreja
há os que pensam que sabem ,
pensam que respiram todos os ares
libélulas dançando na frente dos sapos
peixes, homens , aves
sempre haverá um lugar...ou alguém
Monday, March 07, 2011
O Farol distante,quase não é percebido. Herculano é comandante experiente, sabe das coisas do rio (mar eterno mar ). Hoje navega um navio fatasma, cheio de ausência. Seu olhar esta fixo no tempo que as ondas conduzem. O vento diz de tempestades, balança vozes em seu peito cheios de medalhas. Os medos foram todos naufrágios esquecidos. Herculano é um bom marinheiro ... mas para muitos não conta. Sua bussola tem nome restrito, sabedoria -nada pode intimidar Herculano , assim dizem seus cabelos brancos. Seu braço direito traz inscrições , mensagens de um estranho alien que viajava em uma capsula hermética - " I want to tell you" - Há uma petála de rosa vermelha , equilibrando no ombro esquerdo de seu uniforme surrado. Os porões contem segredos de silencios contidos - manhãs sem tormentas. Herculano é filho do seu Manduca e de Dona Iara. Manduca, velho pescador das entrelinhas dos peraus e currais (sentinelas nas curvas do rio) - Manduca já não está entre nós , nem Dona Iara - agora ela declama seus poemas pelas noites de verão de um outro Marajó. Saudades de Manduca e de Iara permeiam as recordaçoes de Herculano. O Comandante agora também timoreiro , escuta as vozes noturna dos botos e boiúnas encantadas. Agora Herculano ouve um som diferente, que ecoa em sua cabine - É uma canção que diz o seguinte : " life is very short and there´s no time for fussing and fighting my friend .. " O farol continua em sua distância insondável .
Saturday, January 22, 2011
Gato e Cão
Rua Infinita
Início de tudo, Gardan caminha por entre o fascinante túnel de mangueiras perfiladas, seculares, sempre como quem observa o inesperado e ao mesmo tempo desconfia silenciosamente do que vê. A grandiosidade destas arvores conferem ao ambiente, uma contemplativa solidão. Bela catedral com seus vitrais invisíveis. O sombreamento entrecortado por filetes de luz, invoca uma prece. Gardan flutua perplexo, encantado com a leveza do lugar.
Lentamente cruzando seu caminho, um pequeno gato cinza com listas brancas. Passos trôpegos. Quem sabe nasceu recentemente? Emite um sonoro miado que ecoa estilhaçando o silêncio antes impenetrável. Gardan observa surpreso, mas prontamente recupera o equilíbrio. Sente um desejo quase incontrolável de querer ajudar, tão desprotegido ser. Recua, sente um medo aterrador, algo o impede deste ato. A razão de Gardan fala mais alto Algo lhe diz que em algum lugar já havia visto esta indefesa criatura., ou quem sabe em futuro próximo voltaria vê-lo . Logo em seguida uma figura de olhar penetrante surge do nada, para e fixa por um lapso de tempo o olhar em Gardan. Com a mesma rapidez que apareceu, seguiu em perseguição ao pequeno gato. Era um enorme cão negro que surgiu das sombras eternas do tempo . Uma voz quase inaudível, diz de uma canção que poderá, sem que isso fosse vontade, causar imensa tristeza a Gardan. A canção saiu rodopiando lentamente, como uma rosa no vento...
Início de tudo, Gardan caminha por entre o fascinante túnel de mangueiras perfiladas, seculares, sempre como quem observa o inesperado e ao mesmo tempo desconfia silenciosamente do que vê. A grandiosidade destas arvores conferem ao ambiente, uma contemplativa solidão. Bela catedral com seus vitrais invisíveis. O sombreamento entrecortado por filetes de luz, invoca uma prece. Gardan flutua perplexo, encantado com a leveza do lugar.
Lentamente cruzando seu caminho, um pequeno gato cinza com listas brancas. Passos trôpegos. Quem sabe nasceu recentemente? Emite um sonoro miado que ecoa estilhaçando o silêncio antes impenetrável. Gardan observa surpreso, mas prontamente recupera o equilíbrio. Sente um desejo quase incontrolável de querer ajudar, tão desprotegido ser. Recua, sente um medo aterrador, algo o impede deste ato. A razão de Gardan fala mais alto Algo lhe diz que em algum lugar já havia visto esta indefesa criatura., ou quem sabe em futuro próximo voltaria vê-lo . Logo em seguida uma figura de olhar penetrante surge do nada, para e fixa por um lapso de tempo o olhar em Gardan. Com a mesma rapidez que apareceu, seguiu em perseguição ao pequeno gato. Era um enorme cão negro que surgiu das sombras eternas do tempo . Uma voz quase inaudível, diz de uma canção que poderá, sem que isso fosse vontade, causar imensa tristeza a Gardan. A canção saiu rodopiando lentamente, como uma rosa no vento...
Saturday, January 15, 2011
Orantes ou meras palavras?
orantes-são nestos
funestos fados e drões
drões sonestos sons
fartos rios-de orações
funestos fados e drões
drões sonestos sons
fartos rios-de orações
Monday, January 10, 2011
"Deus Proverá"
O viver é preciso navegando por sobre as ondas de sonhos do rio mar. Vamos em busca da surpreendente gentileza , que chega na tarde-noite chuvosa. A ilha espreita, a espera de passos urbanos para que possa lançar suas redes serenas de cordialidade.
E os homem pescadores, vaqueiros , artesões sorriem com suas faces morenas , brilhantes como a superfície prateada do Paracauary. Sem que sejamos capazes do perceber a magia, o encantamento aflora e perpetua a sua fome de almas estressadas pelos ares de outras terras além ilha. O tempo é o amigo de todos os oriundos marajoaras,ali, por debaixo das mangueiras seculares não há cobrança alguma, os homens são meninos e meninas colhedores de mangas, carambolas, sapotilhas e amorosidade. Como morcegos diunos passam por entre as folhagens da diversidade infinita. Sou amigo do bufalo, da chuva , do rio remanso que agora abrigo em mim.
As amizades chegam mansamente (novas sementes) sem que possamos virar os rostos e partir serenamente. É o inevitável prevalecendo por sobre nosso orgulho de pobres mortais.Então chegam o Edgar das Vans branca e Vermelha, Nello (primo napolitano, que possui um coração do tamanho do Casarão da Amazônia)André e esposa derramando simpatia e generosidade, a Sueli Valades que veio de tão longe dividir sua alegria (in)contida nos passos do carimbó, a Rosa do bolo maravilhoso e seu sorriso cativante, do José Carlos o Gerente amigo e prestativo,do taxista Claudio "O paciente Marajoara", do Caboclo Vaqueiro que vigiava nosso sono e sonhos, do diluvio circunscrito por baratas dágua , besouros, grilos falantes e tamanduás perdidos na noite de aventura. Algumas vezes fomos esquecidos pelo barqueiro Ivoneti e o taxista Codorna, mas como amar é nunca ter quer pedir perdão, apenas agradeço pela oportunidade bendita de conhece-los. Conhecer pessoas maravilhosas, como as que conheci nesta viagem mágica, é uma forma poderosa de oração.
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