domingo fui a feira
surfando em meu par de sandálias hawaianas
senti o olhar de Tereza esqueirando-se por entre as barracas
do ver-o-peso
ouvi
o som das gaiolas ribeirando o trapiche
palavras perdidas ao vento
risadas como mensagens presas
em vidrinhos de folhagens milagrosas
maniva, macaxeira, vinagreiras
peixes
flutuando por sobre balcões umidos
balanças descalibradas
e limões crescendo em cestos
pimentas amarelas cheirando pessoas
restos de tomates pisados
camarões embrulhados em jornais vencidos e amarrotados
patichulis tranformados em renas
saudosas de um natal distante
aconselhamentos
vertigens de homens embriagados
no poder do feitiço empalhado
o olhar de tereza continua esqueirando-se
fornicando
recebendo informações delicadas
congelando um leve sorriso no canto dos lábios
por muitos beijados
e ao longe, o sol lança chamas de radiações no infinito
ninguém percebe
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