Monday, October 01, 2012

O Grupo Fundo de Gaveta participou do Encontro de Escritores Paraenses, na tarde desta quinta-feira (27), no auditório Dalcídio Jurandir, durante a programação da XVI Feira Pan-Amazônica do Livro. Na ocasião, a turma composta por Zéminino, Vasco Cavalcante, Jorge Eiró, Celso Eluan, Iru Bezerra e William Silva (Paulo Castro), relembrou e contou para o público presente a trajetória da equipe de escritores, que completou 30 anos de trabalho no ano passado.
“Nós surgimos nos anos 80, na época do saudosismo. Tínhamos muita energia para gastar e resolvemos gastar toda essa energia estudando, lendo e fazendo poesia. Criamos um grupo poeticamente pesado”, disse o artista plástico Jorge Eiró. Ele contou ainda que o Fundo de Gaveta fez parte de um tempo em que havia na cidade um movimento cultural em ebulição, com a movimentação de bares antigos e o início das oficinas de Miguel Chikaoka. O grupo se reunia semanalmente para ler e discutir, poesias, artes plásticas, novos lançamentos e etc.
Depois da experiência cada um foi tomando seu rumo, mas, para Vasco Cavalcante, até hoje o grupo permanece. “Fazer poesia todos nós fazemos em algum momento. A poesia é a única coisa que pode responder o questionamento de ser ou não ser. Então, a sensação que temos é que o Fundo de Gaveta ainda está vivo, mesmo que seja na memória”, completou.
A primeira edição do Fundo de Gaveta foi feita em 1981. Com os eventos realizados pelo grupo, padrinhos e diversas coletas saíram os recursos para o projeto que fez com que os trabalhos literários virassem páginas de livros. “Fizemos o lançamento na Casa do Choro e as coisas fugiram ao controle. Havia os varais de poesia na praça do Carmo e na praça da República. Saía-mos com os envelopes debaixo do braço e a edição era graficamente tímida, até pelos poucos recursos", contou Eiró, um dos responsáveis pela produção gráfica da publicação.
Eles também relembraram a participação do “Movimento Açaí”, uma época em que a sociedade paraense tinha vontade de mostrar, falar e agir de uma forma que não podia ser feita no período da ditadura. “O que sai do Fundo de Gaveta é a vontade de poder se expressar”, enfatizou Celso Eluan.
Quem esteve na platéia pode conhecer um pouco mais do grupo e relembrar cenas da Belém nos anos 80. “Gostei muito de participar desse encontro porque acabei lembrando de coisas muito boas que vivemos nos anos 80. Naquela época, as pessoas, mesmo com medo da ditadura, parece que se expressavam mais e lutavam mais pelos nossos direitos de cidadania”, afirmou a assistente social Lizandra Soares.
Nesta sexta-feira (28), quem estará no Escritores Paraenses é a historiadora e artista visual Josette Lassance e a médica Jacqueline Darwich, às 17h30. Após a conversa com o público, elas autografam, respectivamente, as obras “Os cinco felizes”, “Imagens” e “O anjo nu”. A programação é aberta para todo o público da Feira, com entrada gratuita.


Texto:
Bruna Campos - Secom

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