Friday, May 01, 2009

O primeiro dia segundo Gardan


A noite não foi tão longa, como todas as noites em que o sono é profundo e a alma agasalha o coração menino no colo do tempo.

Quando o dia chega, acompanhando luzes , pássaros aquáticos e peixes alados fazem a festa da serenidade. Ao pé da frondosa mangueira, olhos negros acordam e vislumbram pela primeira vez, o reflexo que a luz do sol desenha na superficie tranquila do belo rio.

O atonito menino espreguiça a incredulidade , fitando surpreso a outra margem do rio pleno de fertilidade. Desce a ribanceira extasiado e o silencio toma conta do todo. Tenta ajoelhar para tocar restos de remanso aparente do rio, quando surpreendentemente um grande peixe prateado salta espalhando agua e sementes. " O que importa essa saudade principe azul, se nem ao menos você conhece a outra margem deste tortuoso rio?" Gardan abre seus enormes olhos negros e responde em puro reflexo - " Grande peixe prateado, sinto saudade do que não conheço e do que me espera. Aguardo o momento oportuno, a maneira correta de atravessar o rio, necessito urgente de ajuda". Foi apenas o tempo do salto e a poderosa queda n'agua - e o silencio se fez brisa como o açoite na mão do verdugo. Gardan chorou e depois sorriu, um sorriso pleno de saudade.

Foram dez longos dias - nada além rio, nada além correnteza , apenas o receio do desconhecido.

" Sera nescessário descobrir os caminhos que a velha cidade disponibiliza, antes mesmo de tentar atravessar o poderoso rio?" pensou Gardan.

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