Sunday, September 10, 2006

no abrigo leito do rio sereno



Os olhos , no entardecer cicatrizam, tecendo cortinas coloridas, aquarelas que contaminam a alma. Sinto-me pequeno, virus observador solitário no cume da montanha despertada em meu genoma(cordilheira).
A força imensa promove uma dança fantástica com a eternidade, entro na festa ciente de que sou coadjuvante, hora oportuna de agradecer à fonte divina do mistério. A verdade transvestida é algo inquietante, corcel negro com suas poderosas narinas lançando fumaça dourada, puro desalinho no firmamento.
O caos, galáxia derramando beleza por sobre esta cidade agora adormecendo(no abrigo leito do rio sereno) ... e o poéta solenemente entoa um canto:
E derrepente o rio ... o profundo rio
Raso em superfície, prenho de florestas , velas acesas e cantigas ao vento
O rio
Caminha veloz com asas de serpente, são anjos meninos da noite,
em seus rituais de leveza aparente.
A cidade rio quer adormecer, amparada nas mãos, braços, colos, rostos
na escuridão.
Sorriso em camera lenta. O Pôr-do-Sol comunga, reiventando a fé - que a luz interior não oxida
a catarse - o fundir da multidão
escurecendo na delineada margem, cujo agora o dia agoniza.
A mesma multidão que sente medo,
beija a face da emoção e deixa-se conduzir pela correnteza,
como velas partindo no tempo oceano

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