o
olho
atende
acende
a minha
voz
na tela
cibernética
fria
que olha
a rua passando
como posso esconder
roupas sujas
no divã?
o olho
tece
destece
fotos
nas janelas
net
e pendura
como verduras
em feiras urbanas
restos apodrecidos
sobre os paralelepípetos úmidos
de ruas estreitas,
olhos estreitos,
vidas estreitas,
mentes estreitas.
e
o olho
acende
seu rancor
ferve
serve
de farol
neste mar de incertezas
como esconder
pirulitos
sob lenços de papéis sonolentos?
com certeza
formigas serão
atraídas
por trilhas químicas
não tenho como
me defender
xeque-mate
estou sozinho nas ruas de Boston