o menino
confortavelmente
monta seu cavalo
de miriti
Galopa
conexões
de rios afluentes
e campos que se perdem
no vazio da fartura
alimenta-se
do riso incontido
sorvendo
cada segundo dos ontem
adormecidos na sala
a poltrona aconchegante
amplia o pequeno aposento
há estrelas brilhando
no céu da memória
o menino
dorme,
percorrendo ruas infinitas
em alguma destas ruas
um vaqueiro de cartola e fraque
assovia uma canção noturna
o cavalo castanho garboso - relincha
parece uma noite
na ilha de bufalos sonolentos
que ensinam a oração paciente
sem pressa
da brisa roçando a alma
A poetisa segue
saltitante
declamando um poema
que diz de fumaça
saindo de um cigarro
O vaqueiro, de mãos e dedos longos
segura as rédeas do tempo
os dois estão felizes
ainda bem...
neste instante
o menino tateia sonhos
e rios ribeirinhos
balbuciando palavras
que saem pelo canto da boca
feito borboletas azuis
ainda bem...
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