Saturday, June 30, 2012

O filho da poetisa com o vaqueiro de cartola

o menino
confortavelmente
monta seu cavalo
de miriti

Galopa
conexões
de  rios afluentes
e campos que se perdem
no vazio da fartura

alimenta-se
do riso incontido
sorvendo
cada segundo dos ontem
adormecidos na sala

a poltrona aconchegante
amplia o pequeno aposento
há estrelas brilhando
no céu da memória

o menino
dorme,
percorrendo ruas infinitas

em alguma destas ruas
um vaqueiro de cartola e fraque
assovia uma canção noturna
o cavalo castanho garboso - relincha

parece uma noite
na ilha de bufalos sonolentos
que ensinam a oração paciente
sem pressa

da brisa roçando a alma

A poetisa segue
saltitante
declamando um poema
que diz de fumaça
saindo de um cigarro

O vaqueiro, de  mãos e dedos longos
segura as rédeas do tempo
os dois estão felizes

ainda bem...

neste instante
o menino tateia sonhos
e rios ribeirinhos

balbuciando palavras
que saem pelo canto da boca
feito borboletas azuis

ainda bem...






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