Herculano, aporta seu navio fantasma sob os trilhos d'água
lança as ancoras e seus pesos existenciais flutuam a bombordo.
não poderá beijar, pois ninguém lhe espera
então canta uma canção de boas-vindas
o desconcertante silencio da enseada, aplaude a triste intenção
Herculano observa o cais...
o cais abre os longos braços
faz tanto tempo...
na fragilidade, na distancia - o medo
o esquecimento das manhãs em terra
indeciso, talha silenciosamente
com o canivete que manipula o tempo
Herculano rejeita a ideia de pisar o continente - recua
meticulosamente prepara um cigarro de palha,
como magia acende o fogo do ócio
então liberta seus segredos e suas aflições ao vento
a desconcertante situação
limita as ações do pensamento
percebe a armadilha ,abre a escotilha
vislumbra a escuridão que aprisiona seus vícios
com isso, soluça fotografias desbotada no tombadilho escorregadio.